quinta-feira, 26 de maio de 2016

Destino, Partido e União

[Escrito em 16/05/2016...

É como se o desafio agora tivesse subido um degrau, e mesmo agora o caos o mental é mais brando, pois não afeta a emoção que está em constante equilíbrio. Isso é algo muito positivo, pois permite clarear as reflexões. Então vou contar uma breve história...

Estava no intervalo do almoço próximo a alguns colegas de trabalho, e certo momento peguei o celular para ver algumas "notícias". O colega ao lado vendo, brincou dizendo para os outros ouvir:

  1. Desde que ele comprou esse smartphone está muito mais feliz, vocês não acham? - disse ele com sorriso de menino travesso. E na verdade comprei usado e porque meu primeiro aparelho está com microfone falhando.
  2. Respondi: Graças a Deus estou muito feliz como reparou, mas não por causa da aquisição desse aparelho.
  3. Mas vocês não acham que ele tá mais feliz por conta desse celular? - insistiu na brincadeira rsrs ... pois eu era um dos poucos que não usava smartphone. Então disse:
  4. Meu amigo pense comigo: se o motivo da minha felicidade estivesse todo concentrado nesse aparelho o que aconteceria comigo se ao atravessar a rua alguém me retirasse ele? Ou de algum outro modo o perdesse? - Então a moça do lado respondeu:
  5. Ficaria muito deprimido e triste. - E complementei:
  6. Mas graças a Deus não é esse o motivo da minha alegria. - mas como um brincalhão insistente ele continuou, e fiquei só sorrindo e ouvindo ele divagar.

Tudo nesse mundo já existia antes da gente chegar, e tudo que é criado é derivado da natureza, vidro - areia, plástico - fóssil, aço e ferro - minérios, alvenaria - terra, janelas e portas - madeira. O homem não cria o principio, só transforma o que já existe. Também sabe que a carne perece e que seus dias nesse mundo são contados. Então poderíamos dizer que o ser humano na matéria tem tudo e ao mesmo tempo nada, concorda?

Tomando como base essa consciência, faz sentido se apegar a alguma coisa daqui? Não parece que a natureza que nos ensinar alguma coisa com isso? Qual o sentido da vida? O vento sopra e desmancha construções. O vulcão em erupção transforma a terra e cria ilhas. A terra treme e as pedras mudam de lugar. O mar dança redesenhando as curvas das praias.

Alguns parecem ter compreendido que existem "marcos", mas confundem isso com o "destino" prefixado e inevitável, e por isso utilizam o máximo de conhecimento para tirar o maior proveito do que existe aqui, utilizando o poder sem se importar com a negatividade que cria nos outros. Sua questão é: "porque não desfrutar ao máximo aqui se já está tudo predestinado? que diferença faz o que fazemos?" Mas a confusão aí é que os "marcos" num projeto são pontos, e entre um ponto e outro há grande oportunidade de criar e viver um livre arbítrio, e aprender muito com as escolhas. Então não existe o "destino" prefixado e imutável, mas existem "marcos".

Outros querem guiar a humanidade, e lutam pelo comando. Também sabem que existem "marcos", respeitam muito esses sinais, e procuram viver dignamente, mas tem muita intolerância para com seus irmãos menos adiantados. E essa separação também cria muita negatividade. Assim conquistam poderes em todas as áreas para expurgar todo "mal" que existe. Sua questão é: "unificar tudo e criar um sistema de paz. Se temos o bom senso e experiência quem seria melhor para guiar o mundo senão nós?". O grande problema é que esquecem que aqui somos todos humanos, e que todos erram, ninguém acerta todas as vezes, ou estou errado? Sendo assim, mesmo que o guia tenha boa visão também pode cometer erros e levar meio mundo de gente que o segue. Não seria interessante tropeçar e ter alguém ao lado para segurar a sua mão?

Pedi a Deus sabedoria para compreender estas coisas, e entendi que todas essas disputas entre poderes sempre influenciaram a humanidade. E assim tenho aprendido que tomar partido ou levantar bandeira cria separação, e não foi para isso que vim para este mundo. Quero ser amigo do pequeno e do grande, do pobre e do rico, da criança e do velho, da direita e da esquerda, do bonito e do feio. Mas o que bonito e o que é feio? Eu quero ser compreensão neste mundo. Quero receber apoio do mais maduro, e segurar a mão do mais infantil e compreendê-lo de coração. Assim esticar os braços para cada lado e unir o que parece impossível.

Quero aprender com todos. Quero ser compreensão e aprender com as diferenças. Não quero seguir ou ser seguido, mas quero trocar experiências com quem cruzar o meu caminho. Não quero quero cair na ilusão de ser o senhor do saber, mas quero ser um eterno aprendiz.

Então pergunto novamente: faz sentido se apegar alguma coisa desse mundo? Será que a natureza não quer nos ensinar algo? Qual o sentido da vida? Se compreensão une, e incompreensão separa, aonde seria mais seguro manter a atenção? Dentro ou fora? Podemos mudar o outro?

Escrito em 26/05/2016...

Parece que tudo fez sentido agora. Quando pedi a Deus para compreender essas coisas, fui atendido. Falta muita compreensão de todos os lados. Foram 10 dias observando dentro e fora. O jogo da separação cria uma ilusão muito grande, mas eu entendo, é muito desafiador mesmo, não menosprezo o desafio de nenhum canto, não eu, eu que até dias atrás caia nesses conflitos, então é preciso manter isso bem vivo na memória senão eu não teria utilidade alguma aqui.

Nasci no seio da pobreza material, vi a solidariedade se apagar nas chamas da violência. Vi muitos sorrisos se transformarem em prantos na maré das drogas que dilaceravam famílias motivando a maioria dos crimes que aqui existe. Vi a favela se erguer nas margens dos rios que antes eu criança brincava com os peixes e agora se tornaram repositório de lixo urbano. Senti o cheiro das arvores ser substituído pela fumaça no meio da selva de pedra que se formou. Vi o contraste da vida e morte diante dos meus olhos. Vi prédios serem erguidos distantes daqui seja para evitar a "contaminação", seja para fechar os olhos para realidade, ou quem sabe viver como se ela não existisse, ou talvez para se separar de algo que não se pode separar, quanta ilusão a nossa. Vi muitos irem embora, uns para outras cidades, outros para regiões mais remotas, e outros para países mais "evoluídos", e respeito muito a decisão dos que o fizeram, mas eu ainda estou aqui. Porque?

Vi minha criança alegre se perder no escuro de 1996 até o início de 2015. Entre muitas adversidades e revoltas vivi dignamente. Mas nessa época sentia Deus tão distante, tão longe. Sua voz era tão baixinha. Às vezes me perdia no olhar, e assim sentia sua presença, e na cegueira perguntava: "Porque não desiste de mim? Porque ainda insiste comigo? Há pessoas melhores para cuidar, então porque perdes teu tempo comigo?" Deve ser por isso que não consigo mais desistir das pessoas, porque eu acredito nessa na Luz de cada um, acredito de verdade que essa semente existe. Quando olho agora não vejo mais o mal, mas infantilidade, e que se por um segundo fosse possível revestir aquele estereótipo adulto por um infantil, teríamos outra visão da situação, e uma tolerância muito maior.

Estava comentando com uma amiga esses dias que às vezes nós queremos fazer mil coisas no caminho do crescimento espiritual, mas tenho pensado que o falta é simplesmente: compreensão. Mas essa compreensão tem que ser plantada primeiro dentro de si. Depois quando o cultivo está transbordando dá para distribuir para todos. Como poderia dar para as pessoas o que eu não tenho nem para mim mesmo? Tudo o que nos incomoda fora, nos outros, tem sempre algo dentro para resolver antes, do contrário caímos no jogo da separação. E quando compreendemos dentro, passamos em seguida para entender o de fora, e então as experiências daquele tipo cessam. Já aprendeu mesmo, tem sentido repeti-las? E se voltam, não tem mais a mesma intensidade, pois a consciência amorosa é mais firme. Vem novos desafios.

É só pedir. Pedir com vontade para resolver aquele conflito, aquilo que nos incomoda. E quando descobrir, perdoe-se, deixe ir embora. A culpa é uma bola de ferro que não o deixa avançar. Plante compreensão e tolerância no seu coração, pois é que isso é amor de verdade, capaz de unir. Respeite você primeiro, aí então será capaz de fazer isso com os outros. Olhar sem negatividade, sem julgamento, olhar com respeito o que o outro faz, buscando entendê-lo, sem querer mudá-lo. "Porque estou sentindo tanta raiva?" "Que intenção a pessoa tinha quando fez aquilo?"

Perdoe-se. Perdoe seus irmãos. Busque a compreensão, pois esquecimento não é perdão. Separação é ilusão, e é decisão nossa deixar esse jogo durar mais ou menos tempo. Eu respeito e honro a sua decisão, mas pense nisso.

Grande abraço.

ascendente999@gmail.com]

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Olá! Fico feliz por sua visita.


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