sábado, 12 de março de 2016

Diário de um ascendente

[Entre a dúvida e a hesitação há um profundo respeito pelas diferenças e pelos desafios de cada um. É certo que tem sido lento, mas assim tem sido muito mais seguro. Há muito apoio nesse aparente caminho solitário. Até onde a memória alcança, hoje vejo que em todas as adversidades que sugiram tudo sempre deu certo com a ajuda da "mão invisível".

Agora fez um ano que tudo começou, e quando olho para trás mal posso me reconhecer. O início foi uma força que parecia mais uma fúria. Mas essa "bruta" determinação foi bastante necessária e ao tempo foi ficando mais calma, mais branda, e não menos esforçada.

Muitas vezes lavei meus pés com as próprias lágrimas que escondia. Construi-me e destruí-me uma centena de vezes. Enquanto havia sincero esforço de ver o que estava  por debaixo do tapete, mais a personalidade arisca varria e tentava esconder o máximo. Lutei contra mim mesmo. Boicotei-me pelo menos umas mil vezes. Era doloroso reconhecer as sombras. Provei de muitos frutos que plantei. Mas era simplesmente extasiante decifrar os sussurros inaudíveis do espírito que sopra.

Eu que nada de sobrenatural vejo, e nem ouço, fechava os olhos a sentir para o vento soprar. Andei pela espreita observando e reconhecendo os vários sistemas ao nosso redor, e ao mesmo tempo buscando intensamente o que me faltava. Larguei crenças enraizadas, conheci muitas outras, e muito destas também tive que largar. E cada pessoa, cada livro, cada filosofia que encontrava e cruzava o meu caminho tinha uma parte do quebra-cabeça da verdade.

Muitos hábitos foram mudados. Coisas antes negadas ao coração foram feitas. Laços comprometidos no passado foram reparados. Memórias, muitas memórias, remotas memórias, foram recuperadas.

Em vão tentei suprimir o meu ego infantil. Quando deitava e olhava para o teto, pensava: Porquê? Porquê não amanheço com esta mesma consciência de agora? Mas ao acordar no outro dia estava lá, era preciso "domar" novamente. Mas com o tempo o que antes parecia uma luta, foi se enchendo de compreensão. Até que a resposta veio uma pergunta: Como pode "o ser" fugir da própria sombra? Não, suprimir não era o caminho, pois sentia que essa parte de mim também crescia, se transformava. Sim era possível mudar!

De início fiquei orgulhoso. Tantos insights, tantas ideias maravilhosas invadiam-me a mente que me achava supostamente o proprietário exclusivo. Até perceber "as redes" mentais, assim como aquela anterior que tentava me aprisionar também era uma rede, também como todas as outras que acessei durante a vida sem saber.

Tantos dilemas espirituais e muitos se enlaçavam entre o material e o espiritual. Muitas divergências, tanta separação, mas também era uma rede em nível espiritual. Penso que as pessoas já tem muita tecnologia, e assim não encontrei ali o alimento que precisava.

Estou feliz. Mesmo quando pareço sozinho, mas na verdade não estou. É como se não houvesse quase nenhuma separação entre eu e Deus. Agora Ele está comigo em todos os momentos. Que força é essa? Que força é essa meu Deus? Porquê agora as chamas permanecem firmes por mais tempo no meu coração?

Aprendi tantas coisas para agora entender que nesse mundo o que mais me importa são as pessoas. Isso parece bem engraçado, mas tem seu sentido. Não sei quem é este novo que está se erguendo, mas está ficando melhor.

Muitas vezes me engessei nesse caminho perguntando: como servir? o que tenho que fazer? Mesmo quando a meningite de 1996 me deu aquele tombo, e a voz ficou mais distante, não perdi a confiança. Como poderia gostar de exatas e humanas? Para que lado devia seguir? Essa pressão não me ajudava, só me distanciava. Eu podia fazer qualquer coisa, e em qualquer área, e assim qualquer desafio poderia ser superado. Mesmo assim foi um período de solidão até o início de 2015, o ano renascimento.

Agora depois de tudo passado, tento pensar para onde ir, mas com paciência, calma e compreensão. Sem a pressão, e com uma certeza inexplicável que está tudo certo, e que as portas vão se abrir no momento certo. Tantas áreas para iniciar meu campo de ação, mas quando penso em uma qualquer uma leve fenda se abre no meu coração, e entendo que não deve ser por ali.

Estranhamente quando abro a boca a minha língua se desenrola, e digo coisas que as pessoas precisam ouvir. Quando chego perto delas, sinto onde está presa, sinto quando não está aberta a compreensão, sinto quando não devo falar, sinto quando devo falar, sinto o que devo ou não falar. É uma certeza tão grande que não há espaço para dúvidas. E meu coração acende, é como se ficasse mais completo. Será que aí está a resposta? Será que vim a esse mundo para ficar longe das linhas de frente? Seria isso? Eu deveria ser o trampolim para que os outros saltassem?

O ser humano é tão incrível. Quantos controles, sensores e "botões". Mas sem habilitação como conduzo tudo isso? É preciso treino. Repetir. Sentir também. Compreender os sentimentos. Unir. Transformar o negativo em positivo. A limpeza da pedra angular. E as construções das bases do templo interior. A casa do espírito. É por aqui que vou seguir, até que enxergar melhor as portas.

Há três razões para ter escrito esse texto: a primeira é que esse texto pode conter uma das chaves que os outros que estão acordando precise, o caminho é diferente, mas em algum ponto é parecido, e em outro se une. A segunda é que também estou aprendendo com cada palavra aqui escrita. A terceira é por que sou um anônimo.

acendente999@gmail.com]

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Olá! Fico feliz por sua visita.


*hash-code é uma forma de preservar a integridade do texto. Refere-se ao md5 do texto entre colchetes "[ ]". Caso exista algum erro na escrita seria muito bom arrumar, certo? :) Muito obrigado. 

2 comentários:

  1. Descobriu o seu verdadeiro eu meu amigo e por isso não mais estará só... :) <3

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    1. Interessante que ao ler seu comentário resolvi reler o texto, e algo me tocou na parte que digo sobre "uma leve fenda se abre". Por que hoje vejo que já encontrei algo onde a "fenda não se abre". Descobertas e redescobertas. Muito obrigado. :)

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