quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Dualidade e ilusão da ignorância

[A pespectiva dualista é o resultado da desconexão ou separação entre o "eu" e o "outro". Nesse ponto de vista tudo que não é o "eu", se torna alvo potencial de "felicidade" ou "infelicidade". Em outras palavras a mente passa a projetar "positividade" ou "negatividade" sobre todas as coisas.

Agora imagine que nós passamos a vida enxergando e reforçando esse padrão neuronal, o "eu" e "outro", ou seja, buscando nos definir cada experiência vivida. Por um lado essa definição nos torna tão pequenos pois o mundo é tão vasto e grande. Por outro a vida pode se tornar uma competição pela "felicidade", para se conseguir "algo" antes que "outro" o pegue.

É como se o jardim de infância tivesse algumas crianças pulando no meio do salão tomando objetos e brinquedos umas das outras, algumas puxando pelos braços de outras, "ei vem brincar comigo", "não! vem comigo!". Algumas ficam bem bravas! Outras sorriem e correm! Mas espere... também há algumas crianças nos cantos. Olham com receio, parecem assustadas; aquilo tudo parece tão perigoso, "e se aquela criança me empurrar também", "eu gosto do meu brinquedo, e se me tomarem".

Quando tentamos nos definir, a nossa mente se torna pequena e limitada, e se perseguimos as pessoas ou coisas como fontes potenciais da felicidade e infelicidade, a vida se transforma em uma luta ou competição. Em ambos os casos é a ignorância que distorce a visão, e impede de ver as coisas como realmente são.

"A ignorância é a incapacidade fundamental de reconhecer o potencial, a clareza e o poder infinitos de nossas próprias mentes, como se estivéssemos olhando para o mundo através de lentes coloridas: tudo o que vemos é mascarado ou distorcido pelas cores das lentes." - Youngey Mingyur

Então como podemos dissolver a ignorância? Vamos respirar... pensar um pouco...

Já tem a sua resposta? Vamos desenvolver uma linha de raciocínio juntos, tudo bem? Primeiro você precisa acreditar, que é reconhecer esse potencial ilimitado. Talvez você esteja duvidando disso agora mesmo, mas gostaria de propor que resgatasse em sua memória por situações muito difíceis que passou com sucesso. Situações onde você ficou tão calmo, e as ideias surgiram-lhe a cabeça, e no final você conseguiu resolver tudo de uma forma muito tranquila, e até ficou assustado "nossa! de onde eu tirei aquela serenidade!?" "porquê eu não explodi com ele ou ela?" ou "de onde eu tirei tanta paciência?!"

Lembrou, não foi? Essa é a nossa consciência, e a uma das coisas nos separa dela é ilusão da ignorância. O que aconteceu foi, que por alguns instantes, você dissolveu os velhos padrões neurais que criam a separação do "eu" e do "outro", e por isso a solução que encontrou favoreceu a todos os lados.

Então o primeiro passo para dissolver a ignorância, é simplesmente reconhecer a nossa consciência. Porque enquanto você duvidar de si mesmo ou das outros vai estar reforçando esses velhos padrões de separação. Reconhecer, entre nós ocidentais é conhecido por ter "fé", acreditar.

"Se tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, dirão a este monte: ‘Move-te daqui para ali’, e ele mover-se-á, e nada vos será impossível." - Mateus 17:20

Esse é o potencial ilimitado da consciência quando não é distorcido pela ilusão da ignorância, ou seja, da separação do "eu" e do "outro" ou "não-eu".

O interessante é que o primeiro passo na verdade, é meio passo do segundo. Como assim? Quando reconhecemos nosso potencial ilimitado, estamos ao mesmo tempo dissolvendo um padrão neural da ignorância, que é se achar pequeno e limitado.

O passo seguinte é investigar e limpar mais padrões da ignorância. E depois? Volta a fazer a exercício do reconhecimento. Mas porquê? Porque precisa ser cíclico. Não conseguimos trazer de uma vez a luz do saber por causa da distorção da ignorância. Então todos esse padrões criados precisão ser removidos aos poucos, pois a luz entra muito turva, mesmo assim é importante porque vai ajudar a clarificar e limpar os padrões velhos.

É como se você tivesse o desafio de trazer a luz do sol, que está encoberta por várias nuvens. Primeiro você precisa acreditar e reconhecer que há algum sol ali, mesmo que você esteja vendo apenas nuvens muito escuras. Mas o fato de já ter visto o sol antes o faz acreditar que vale apena investir nessa empreitada.

Até que volte a escrever aqui novamente, quero lhe deixar algumas questões que considero muito úteis para limpar os padrões da separação ou ignorância:

  1. 1 - Quando for estudar, pode se perguntar: O que me faz pensar que consigo ou que não consigo aprender isso?
  2. 2 - Quando for realizar qualquer tarefa, pode se perguntar: O que me faz pensar que sou capaz ou não sou capaz de realizar esta tarefa?
  3. 3 - Quando olhar para alguém e sentir algum conforto ou desconforto, pode ser perguntar: O que me faz pensar que esta pessoa é boa ou não é boa? Sempre pensei assim? Desde quando eu penso assim?
  4. 4 - E quando for iniciar uma refeição: O que me faz pensar que este alimento é bom ou não é bom?

Mesmo que não venha nenhuma resposta será muito bom. Porque essas perguntas são como solventes para os padrões da ignorância. Assim a medida que a luz vai passando com mais facilidade, nós ampliamos o reconhecimento da nossa consciência, e consequentemente a nossa capacidade de limpar mais e mais redes limitantes.

Novamente venho chamar a atenção para meditação como uma grande ferramenta para o reconhecimento da nossa consciência. Trago meu próprio testemunho dos benefícios dessa prática feita diariamente.

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